A dislexia, um distúrbio de leitura em que uma criança confunde
letras e tem dificuldades com os sons das palavras, tem sido o foco de um número
grande de pesquisas. O mesmo não acontece, contudo, com outros transtornos
menos conhecidos, como o Défice específico de Compreensão da leitura, em que
uma criança lê sem dificuldades (ou melhor, descodifica sem dificuldades), mas
não compreende o significado das palavras.
“O Défice específico de Compreensão da leitura explica-se da
seguinte forma: eu posso descodificar um texto em espanhol, porque eu sei o
valor das letras e como as palavras são pronunciadas, mas eu não posso dizer o
que as palavras realmente significam ", explicou Cutting. Dizemos que uma
criança é boa leitora, quando o seu nível de compreensão da leitura é adequado.
No entanto, 3% a 10% das crianças não entendem o que leem. Muitas vezes, este
problema apenas é diagnosticado no 3.º ou 4.º ano - quando o transtorno está a
comprometer o processo de aprendizagem.
A investigação foi já capaz de identificar a atividade cerebral
e compreender o seu papel na dislexia, mas nenhuma imagem por ressonância
magnética funcional tinha, até este estudo (publicado em 2013), analisado o
perfil neurobiológica daqueles que apresentam má compreensão de leitura, apesar
de habilidades de descodificação intactas.
A neuroimagem de crianças mostrou que o funcionamento do cérebro
de pessoas com Défice específico de Compreensão da leitura durante a leitura é
bem diferente do que acontece na dislexia. No caso da dislexia, as diferenças
situam-se numa região específica do córtex occipital-temporal, uma parte do
cérebro que está associada ao reconhecimento de palavras. Mas, no caso do
Défice específico de Compreensão da leitura, não existem alterações nessa
região, mas sim em regiões tipicamente associadas à MEMÓRIA.
"É provável que estas pessoas tenham uma marca
neurobiológica associado à forma como leem totalmente diferente, marca essa que
não é eficiente para apoiar a compreensão", disse Cutting. "Queremos
compreender os diferentes sistemas que suportam a leitura e ver quais ajudam os
diferentes tipos de dificuldades, e como podemos direcionar os sistemas
cognitivos que suportam essas habilidades."
Traduzido por DISLEX-Associação Portuguesa de Dislexia
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