O que é preciso que se saiba sobre os alunos disléxicos mais velhos!
As competências de leitura são necessárias para as mais diversas aquisições escolares. Para além da escola, a proficiência da leitura é igualmente importante para o sucesso profissional. À medida que crescemos, espera-se cada vez mais de nós. Contudo, para os indivíduos com dislexia, as exigências da escola e do mundo profissional são especialmente acrescidas.
Assume-se, frequentemente, que os alunos mais velhos adquiriram já competências de descodificação e que a luta que agora travam se prende unicamente com dificuldades de compreensão. No entanto, as dificuldades dos leitores disléxicos podem situar-se ao nível do reconhecimento das palavras e estes alunos podem ainda não ter desenvolvido a capacidade de identificar palavras desconhecidas. Os alunos mais velhos não intervencionados (ao longo de anos) podem não ter desenvolvido aspetos considerados fundamentais, tais como vocabulário, pré-requisitos variados e competências de compreensão. Esta falta de intervenção pode também afetar a sua capacidade para soletrar e escrever, dificultando a sua capacidade para expressar os seus conhecimentos e ideias.
Após o 1.º ciclo, parte-se, frequentemente, do princípio de que o aluno que não consegue ler deverá beneficiar de auxílios tecnológicos ou compensatórios mais do que de uma instrução direta centrada na leitura. Não é isso, contudo, que um extenso conjunto de evidências mostra; de facto, os estudos revelam que uma instrução de alta qualidade e intensiva centrada na leitura pode ajudar os alunos mais velhos com dificuldades de leitura a desenvolver as competências necessárias para que possam ter sucesso no ensino secundário e após este. Por outras palavras: NUNCA É DEMASIADO TARDE. Os alunos disléxicos mais velhos, incluindo os adultos, podem beneficiar de uma instrução especializada centrada na leitura e na escrita, mas é fundamental que eles encontrem um instrutor altamente treinado capaz de implementar um programa com sucesso.
Identificar e abordar as necessidades de instrução
Uma avaliação diagnóstica irá indicar todas as áreas da leitura e escrita a trabalhar. (…) “Com as condições adequadas, uma instrução intensiva centrada nas competências básicas da palavra poderá ter um impacto significativo na capacidade de compreensão dos alunos do 2.º ciclo e para além deste” (Center on Instruction, 2008). Este Center on Instruction apresentou um relatório que contém recomendações consideradas fundamentais no contexto do ensino da palavra a alunos mais velhos:
O professor (dos alunos mais velhos) terá de ensinar o aluno a:
Identificar e dividir as palavras em sílabas;
quando e como ler as palavras multissilábicas, unindo as diversas partes;
Reconhecer palavras irregulares que não seguem padrões previsíveis;
os significados dos prefixos comuns, desinências e raízes. A instrução deve incluir as formas de perceber as várias maneiras de as palavras se relacionarem umas com as outras (ex: trans, transferir, transformar, transição);
Como separar as palavras em partes, combinando essas partes, de forma a criar palavras com base nas suas raízes ou outras características;
Como e quando usar uma análise estrutural para descodificar palavras desconhecidas.
É muito importante reter do que ficou, até agora, dito que, ao contrário do que algumas vezes se ouve, o trabalho ao nível da consciência fonológica tem de continuar com os alunos mais velhos. Sendo a dislexia uma dificuldade de leitura decorrente de um défice fonológico, será de prever que, tal como afirmam diversos autores, as dificuldades a este nível permaneçam.
Fatores para o sucesso escolar
Em primeiro lugar, e acima de tudo, um aluno disléxico mais velho deve beneficiar de um ensino centrado nas áreas deficitárias de leitura e escrita, diagnosticadas na avaliação. Se não consegue descodificar ou soletrar com eficiência e precisão, o aluno irá necessitar de uma instrução proficiente nessas áreas para que consiga progredir para níveis mais avançados de leitura e escrita.
Para além da instrução direta a que se fez referência atrás, para que haja sucesso escolar, é necessário ter em conta também o que se segue:
Tutorias nas diversas disciplinas;
Adequações, como mais tempo e exames orais;
Turmas reduzidas;
Ajudas adicionais: leitura de textos e ajudas no que respeita à ortografia.
(…)
Fatores para o sucesso na vida profissional
As pessoas com dislexia podem não estar sozinhos na luta contra as exigências de leitura e escrita no trabalho. Aproximadamente 40% das pessoas com o 12.º ano não possuem as competências de literacia que os empregadores querem. Um aluno disléxico pode ter dificuldades nas formações de trabalho, se estas não forem apresentadas tendo em conta as suas necessidades.
(...)
Apesar de a intervenção precoce ser a melhor forma de ajudar os alunos a entrarem no mundo da leitura e da escrita, nunca é tarde para ajudar os alunos mais velhos a fazerem progressos e a ter sucesso. Com uma avaliação adequada e uma instrução e adequações apropriadas, os adolescentes e adultos disléxicos podem alcançar também os seus objetivos e deixar a sua contribuição única no mundo do trabalho e na sociedade.
Fonte: Dislex, via FB
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