sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O que sabemos sobre?


Movimento



Pense em apanhar uma bola. Fácil? Pode parecer, mas para

desempenhar este movimento tão simples o cérebro tem que

realizar tarefas muito complexas. Para nós parece trivial,

mas vejamos qual o plano que tem de ser executado pelo

cérebro - A bola é leve ou pesada? De que direção vem a

bola e qual a sua velocidade? Ação de coordenação - Como

é que coordenamos automaticamente os membros para

apanhar a bola e qual a posição mais vantajosa? Execução -

O braço movimenta-se para o local exato e os dedos da

mão apertam no tempo certo? Hoje os neurocientistas

sabem que há muitas áreas do cérebro envolvidas neste

procedimento.  A atividade neuronal nestas áreas é

combinada de modo a formar uma cadeia de comando

bastante ampla – uma hierarquia motora – envolvendo o

córtex cerebral e gânglios da base, até ao cerebelo e medula

espinhal.


A junção neuromuscular

No extremo inferior da hierarquia, na medula espinhal,

centenas de neurónios especializados, os neurónios motores,

aumentam a sua frequência de disparo. Os axónios destes

neurónios projetam-se até aos músculos onde estimulam

fibras musculares contráteis. As ramificações terminais dos

axónios de cada neurónio motor formam junções

neuromusculares especializadas, com um número limitado

de fibras musculares . Cada potencial de ação gerado num neurónio

motor induz a libertação de neurotransmissores dos terminais nervosos e

gera um potencial de ação correspondente nas fibras

musculares. Este processo leva à libertação de iões Ca2+ de

reservatórios intracelulares, localizados no interior de cada

fibra muscular, que por sua vez induz a contracção das fibras

musculares,  produzindo força e movimento.

Para contrair os músculos, os nervos formam contactos
A medula espinhal desempenha um papel importante no

controlo dos músculos, que pode incluir o uso de vias de

reflexo. Entre estes encontram-se os reflexos de retirada, que

nos protegem de objetos cortantes ou muito quentes, e os

reflexos de distensão, que desempenham um papel importante

na postura. O reflexo bem conhecido de “distensão da perna

após estimulação no joelho” é um exemplo de um reflexo de

distensão especial pois envolve apenas dois tipos de neurónios

– neurónios sensoriais, que avaliam o comprimento dos

músculos, ligados através de sinapses com neurónios motores

que induzem o movimento. Estes reflexos combinam-se com

outros mais complexos, em circuitos espinhais, responsáveis

por comportamentos ou respostas mais ou menos complexas,

tais como o movimento rítmico dos membros na ação de

caminhar ou correr. Estes processos envolvem excitação e

inibição coordenada dos neurónios motores.

Os neurónios motores são responsáveis pelo controlo dos

músculos. No entanto, o cérebro é confrontado com enormes

desafios para controlar a atividade destas células.

O topo da hierarquia - o córtex

Motor

No lado oposto da hierarquia motora, no córtex cerebral, um

número de cálculos complexos tem que ser realizado por

milhares de células para controlar cada elemento do

movimento. Estes cálculos permitem o desempenho de

movimentos precisos e suaves. Entre o córtex cerebral e os

neurónios motores da medula espinhal, áreas críticas do tronco

cerebral combinam informação ascendente, proveniente dos

membros e dos músculos, com informação descendente

proveniente do córtex cerebral.

Além do córtex motor, no córtex parietal existem áreas envolvidas na

representação espacial do corpo e no processamento de

informação auditiva e visual. Estas áreas parecem conter um

mapa da posição dos nossos membros e da posição relativa dos

alvos da nossa atenção, relativamente à posição do nosso próprio

corpo. Lesões nestas áreas, por exemplo depois de um acidente

vascular cerebral, podem causar deficiências na coordenação (…).

Os gânglios da base

Os gânglios da base são um aglomerado de áreas interligadas,

que se localizam profundamente nos hemisférios cerebrais, por

baixo do córtex. Desempenham um papel crucial na iniciação

dos movimentos. No entanto, os mecanismos envolvidos neste

processo ainda não estão esclarecidos. Os gânglios da base

parecem funcionar como um filtro complexo, selecionando

informação, entre a grande diversidade de sinais que lhes

chegam, proveniente da metade anterior do córtex (as regiões

sensoriais, motoras, pré-frontais e límbicas). As respostas

provenientes dos gânglios da base são enviadas de volta a áreas

do córtex motor.

Uma doença frequente em humanos envolvendo disfunção

motora é a doença de Parkinson, caracterizada por tremor e

dificuldade em iniciar movimentos – como se o filtro dos

gânglios da base estivesse bloqueado. O problema reside

sobretudo na degeneração dos neurónios numa área do

cérebro designada substantia nigra (assim designada devido

à sua aparência escura). Estes neurónios têm axónios longos

que se projetam para os gânglios da base onde libertam o

neurotransmissor dopamina .

Também se pensa que os gânglios da base

são importantes para a aprendizagem,

permitindo a seleção de ações

conducentes à recordação (por exemplo

quando se anda de bicicleta).

O cerebelo

O cerebelo é fundamental para o

desempenho de movimentos complexos e

bem precisos. É uma maquinaria neuronal,

muito bela, em que a arquitetura celular

intrincada foi mapeada com grande

detalhe. Tal como os gânglios da base, é

uma estrutura altamente interligada com

áreas corticais dedicadas ao controlo

motor, e também com estruturas do tronco

cerebral. Lesões no cerebelo provocam

deficiências graves na coordenação dos

movimentos, perda de equilíbrio, discurso

arrastado, e também um conjunto de

dificuldades cognitivas.

O cerebelo é também vital para a aprendizagem

motora e adaptação. Praticamente todas as ações

voluntárias estão sujeitas a controlo preciso por

parte de circuitos motores, e o cerebelo tem um

papel crítico na optimização do controlo

motor – nomeadamente na sincronização temporal.



Fonte: Ciência do cérebro: as funções do cérebro (Excertos)
Uma Introdução para jovens estudantes
Associação Britânica de Neurociências








Quem me move? Tente fazer esta experiência com um



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Blog do Departamento de Educação Especial do agrupamento de escolas Nun'Álvares, Arrentela, Seixal. Pretende ser um espaço de divulgação e de troca de ideias. Professora responsável pela sua criação e administração: Anabela Leite

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