sábado, 17 de março de 2012

Hemisférios do cérebro





Apesar do nosso cérebro ser divido em dois hemisférios não existe relação de dominância entre eles, pelo contrário, eles trabalham em conjunto, utilizando-se dos milhões de fibras nervosas que constituem as comissuras cerebrais e encarregam-se de pô-los em constante interação. O conceito de especialização hemisférica confunde-se com o de lateralidade (algumas funções são representadas em apenas um dos lados, outras no dois) e de assimetria (um hemisfério não é igual ao outro).

Segundo Lent (2002), o hemisfério esquerdo controla a fala em mais de 95% dos seres humanos, mas isso não quer dizer que o direito não trabalhe, ao contrário, é a prosódia do hemisfério direito que confere à fala nuances afetivas essenciais para a comunicação interpessoal. O hemisfério esquerdo é também responsável pela realização mental de cálculos matemáticos, pelo comando da escrita e pela compreensão dela através da leitura. Já o hemisfério direito é melhor na percepção de sons musicais e no reconhecimento de faces, especialmente quando se trata de aspectos gerais. O hemisfério esquerdo participa também do reconhecimento de faces, mas sua especialidade é descobrir precisamente quem é o dono de cada face.

Da mesma forma, o hemisfério direito é especialmente capaz de identificar categorias gerais de objetos e seres vivos, mas é o esquerdo que detecta as categorias específicas. O hemisfério direito é melhor na detecção de relações espaciais, particularmente as relações métricas, quantificáveis, aquelas que são úteis para o nosso deslocamento no mundo. O hemisfério esquerdo não deixa de participar dessa função, mas é melhor no reconhecimento de relações espaciais categoriais qualitativas. Finalmente, o hemisfério esquerdo produz movimentos mais precisos da mão e da perna direitas do que o hemisfério direito é capaz de fazer com a mão e a perna esquerda (na maioria das pessoas).

Fonte: LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais. Atheneu: São Paulo, 2002.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sessão de esclarecimento sobre o Dec. Lei 3/2008

Realizámos no dia 13 de março, como previsto, uma sessão de esclarecimento sobre o Dec. Lei 3/2008: foram abordados os aspetos relacionados com as medidas educativas aí previstas, o processo de referenciação e avaliação de alunos e o PEI (programa educativo individual).

Obrigado a todos.

















sexta-feira, 9 de março de 2012

Dyslexie is a typeface for dyslectics.

Dislexia



Consegue lembrar-se como foi difícil aprender a ler?

Contrariamente à ação de falar, cuja origem evolutiva é muito

antiga, ler e escrever são invenções humanas relativamente

recentes. Provavelmente só há poucos milhares de anos é que

as comunidades espalhadas pelo mundo perceberam que as

palavras são construídas por um pequeno número de sons

individuais (na língua inglesa são apenas 44), e que isto pode

ser representado por um número mais pequeno de símbolos

visuais. Aprender o significado destes símbolos requer tempo e

algumas crianças apresentam muitas dificuldades nesta tarefa.

Isto não se deve a falta de inteligência, mas o seu cérebro sente

dificuldades em desempenhar com eficiência os procedimentos

necessários para poder ler. Cerca de 1 em cada 10 pessoas

apresentam este problema, que agora é conhecido pelo nome

dislexia do desenvolvimento”.


A dislexia é muito comum. A dislexia causa um verdadeiro

sofrimento e perda de autoestima, uma vez que as crianças

disléxicas não compreendem porque razão é que têm tanta

dificuldade em ler, sendo tão inteligentes como os seus amigos


que lêem facilmente. Muitas crianças perdem confiança e isso

leva a uma espiral de frustração, rebelião, agressividade e até à

delinquência. Apesar disto, muitos disléxicos desenvolvem

grandes talentos noutras áreas – desporto, ciência, informática,

comércio ou nas artes – desde que os seus problemas iniciais

com a leitura não o façam perder toda a esperança e autoestima.

Assim, a compreensão das bases biológicas da dislexia

é importante não apenas como elemento científico, mas pode

também contribuir significativamente para prevenir fenómeno

de degradação social. A melhor compreensão das bases

neuronais da leitura pode conduzir a soluções para tratar este

problema.

Aprender a ler

A leitura depende da capacidade de reconhecer os símbolos

visuais do alfabeto na ordem correta – a ortografia da língua

que se aprende – e da capacidade de reconhecer sons

individuais na ordem correcta, formando palavras. Este

exercício envolve a capacidade de traduzir os símbolos em sons

- extração da estrutura fonémica. Infelizmente a maior parte

dos disléxicos são muito lentos e pouco precisos a analisar tanto

as características ortográficas como fonológicas das palavras.

A capacidade para sequenciar corretamente letras e sons

depende de mecanismos visuais e auditivos. Para palavras

desconhecidas, e todas são desconhecidas para uma criança que

começa a ler, cada letra tem que ser identificada e colocada

numa ordem correcta. Este procedimento não é tão simples

como parece, pois os olhos fazem pequenos movimentos

oscilando de uma letra para a próxima. As letras são

identificadas no instante em que são focadas pelo olho, mas a

ordem é atribuída pela posição que o olho tinha antes de focar a

letra. A visão fornecida pelos olhos tem que ser integrada com

sinais motores do sistema responsável pelo movimento dos

olhos; e é precisamente com este sistema visuo-motor que

muitos disléxicos têm problemas.

O controlo do sistema motor do olho é dominado por uma rede de

neurónios grandes, conhecidos como sistema magnocelular.

Adquiriu este nome porque os neurónios (células) são muito

grandes (magno). Esta rede pode ser marcada desde a retina, pela

via que vai até ao córtex cerebral e ao cerebelo, até aos neurónios

motores que controlam os músculos oculares. É um sistema

particularmente adaptado para responder bem a estímulos em

movimento e é por isso muito importante para seguir alvos em

movimento. Outra característica importante deste sistema é que

gera sinais de movimento no processo de leitura pois, quando os

olhos passam sobre as letras são induzidos a fixar. Isto gera sinais

de movimento de erro que são enviados ao sistema motor ocular

de modo a reposicionar o olho sobre as letras. O sistema

magnocelular desempenha um papel crucial na leitura, ajudando

os olhos a posicionarem-se adequadamente sobre cada letra e
determinar a sua ordem.

Os neurocientistas descobriram que o sistema visual

magnocelular tem ligeiras deficiências em muitos disléxicos.

Uma maneira de determinar isto consiste em observar fatias de

tecido cerebral . Adicionalmente, a sensibilidade para a

visão em movimento dos disléxicos é muito mais pobre do que

em leitores normais. Além disso, as ondas eléctricas cerebrais

geradas por exposição a estímulos em movimento também

estão muito alteradas em disléxicos. A imagiologia cerebral

também revelou alterações nos padrões de ativação funcional

em regiões sensíveis ao movimento visual.

O controlo dos olhos nos disléxicos é menos eficiente;

muitas vezes queixam-se de que

as letras andam a fugir e mudam de lugar quando tentam ler.

Estas anomalias visuais resultam provavelmente de falhas na

estabilização dos olhos pelo sistema visual magnocelular,

processo que é eficiente nos bons leitores.


Colocar os sons na ordem correcta

Muitos disléxicos também apresentam problemas na ordenação

dos sons que constituem as palavras, tendendo a pronunciar

mal as palavras (por exemplo lollypop em vez de pollylop)

são muito limitados em pronunciar palavras difíceis. Quando

finalmete conseguem ler, são normalmente mais lentos e

pouco precisos na tradução de letras nos seus sons. De modo

similar aos problemas visuais, esta deficiência fonológica tem

provavelmente a sua origem num “deficit” ligeiro das

capacidades auditivas básicas.

Distinguimos sons de letras, fonemas, através da deteção de

diferenças subtis e caraterísticas na frequência e intensidade

dos sons. A deteção desta modulação acústica é da

responsabilidade de um sistema de grandes neurónios auditivos

que disseca as variações na frequência e intensidade dos sons.

Existem cada vez mais evidências de que ocorrem falhas no

desenvolvimento destes neurónios nos disléxicos, em

comparação com os bons leitores, e também que as fronteiras

entre sons semelhantes, tais como “b” e “d” são muito mais

difíceis de distinguir nos disléxicos .

Muitos disléxicos apresentam sintomas que reflectem atraso no

desenvolvimento das células cerebrais, que vão além dos

problemas auditivos e de leitura. Estes problemas ocorrem nos

neurónios que formam redes neuronais, através do cérebro,

especializadas na deteção de diferenças temporais. As células

destas redes têm na sua superfície as moléculas de

reconhecimento que são importantes no estabelecimento dos

contactos sinápticos. Estas moléculas podem constituir um alvo

sensível em algumas patologias em que há ataque anormal de

anticorpos contra estruturas do próprio corpo.

O sistema magnocelular forma projecções particularmente

importantes para o cerebelo . Curiosamente, alguns disléxicos são

particularmente desajeitados e a sua caligrafia é muito pobre.

A neuroimagiologia e estudos metabólicos do

cerebelo indicaram que pode haver disfunção desta área

cerebral em disléxicos, podendo estar na origem da sua

dificuldade com a caligrafia. Alguns neurocientistas acreditam

que o cerebelo está envolvido em muito mais do que a

execução de movimentos, tais como os que ocorrem no ato

de escrever e falar, e que o seu papel inclui aspectos de

planeamento cognitivo. Se esta hipótese estiver correcta,

deficiências na função do cerebelo também podem contribuir

para deficiências na aprendizagem da leitura, escrita e verbalização.





Fonte:

O CÉREBRO: UMA INTRODUÇÃO PARA JOVENS ESTUDANTES


Associação Britânica de Neurociências


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Blog do Departamento de Educação Especial do agrupamento de escolas Nun'Álvares, Arrentela, Seixal. Pretende ser um espaço de divulgação e de troca de ideias. Professora responsável pela sua criação e administração: Anabela Leite

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